sexta-feira, 28 de março de 2014

Que saudade da paz!








Tenho saudade da paz
Da paz das manhãs serenas e translúcidas,
Quando me acordava o sol.
Da paz das tardes festivas,
Crivadas de sonhos sem nexo, mas líricos
Como o canto das cigarras.
Da paz do sótão dos livros
Cujas personagens saltavam das páginas,
Nossas histórias tramadas.
Da paz do ocaso silente,
Horizonte tinto de laranja lânguido
Na hora da Ave-Maria.
Da paz da lareira acesa,
Fogo crepitante na madeira púrpura,
Calor que me enternecia.
Da paz das noites prateadas,
Bordadas de estrelas em formação mítica,
Consolo para minh´alma.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google

Teoria:









sexta-feira, 21 de março de 2014

Tecida de Ternura




É a chuva que me faz assim,
Voltada para mim mesma?
Ou sou eu que a aproveito
Como desculpa e me introjeto
Neste meu mundo só meu?
Inerte, pinço lembranças.
Vozes murmuram fantasias
Que, intrometidas, indesejadas,
Matizam segredos esquecidos.
Entreaberta a porta do silêncio,
Os sonhos enfileirados
Amenizam, um por vez,
As incógnitas mutações da vida.
E a pergunta brota
De meus lábios até então mudos:

De que sou feita afinal?

E manifesta-se nítida
A textura que me envolve.

E as horas que programam o tempo
Ressoam mágicas.
Tecidas de fios invisíveis
De perseverança e ternura,
Contagiam ilusões,
Preenchem vazios,
Enxugam lágrimas,
Comovem corações...
Volto meu olhar para o céu...
Um vistoso arco-íris
Sorri da minha admiração.

  

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google



sexta-feira, 14 de março de 2014

Poema Livre



Escrevo um poema

Sem rima e sem métrica...

Mas a poesia...

Essa viaja na emoção

Não escolhe trajeto

Transpõe mares

Voa pelo céu

Adormece entre estrelas

Acorda nas nuvens

Deixa-se beijar pelo sol

Alimenta-se de amor

Bebe sensações

Volta encharcada de alegria

 Esconde-se na alma.

.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google

 

sexta-feira, 7 de março de 2014

Versejo à mulher formosa





Então cesso de ser prosa

e me faço poesia.

Versejo à mulher formosa

e tudo vira magia.


O mundo está cor-de-rosa,

Minh´alma em todos confia,

Então cesso de ser prosa.


A expectativa em mim tosa

A insipidez deste dia:

Versejo à mulher formosa.


Tão viva flor buliçosa

Grita de amor e euforia,

Então cesso de ser prosa.


Em gotas, a emoção dosa

A sina que se desfia,

Versejo à mulher formosa.


Ante mim resplendorosa

Desaparece ela esguia,

Então cesso de ser prosa.


Silhueta vaporosa

O milagre propicia:

Versejo à mulher formosa.


Com o consolo se entrosa

A tristeza em demasia,

Então cesso de ser prosa


Em outro lugar, gloriosa,

Do concreto se esvazia.

Versejo à mulher formosa.


Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google