Seu maior desejo: encontrar a mulher de seus
sonhos. Rolou de cama em cama. Teve incontáveis mulheres.
Por que esta ansiedade toda? Um jovem universitário,
gentil, cavalheiro, não se podia dizer bonito, mas para feio também não servia.
Havia um quê nele que atraía a atenção das mulheres.
E a sua “alma gêmea” sentava ao lado dele na
Faculdade... Cursavam Farmácia. Faziam trabalhos juntos. Estudavam juntos. Conversavam
sobre os mais variados assuntos. E mais nada... Divertimento era com as
“outras”.
Ele estava tão empenhado em encontrar seu “par
perfeito” que não notara o olhar azul apaixonado dela. Quem o consolava depois
de cada decepção? Sentiu sua falta no dia em que ela não foi à sua casa, como
combinaram, para terminarem um trabalho. Telefonou para a casa dela, e ninguém
atendeu. Depois de duas horas tentando, preocupou-se. Ela não era de faltar a
um encontro para concluir um trabalho. (Por que nunca se interessara em saber o
número de seu celular?). Não sabia como descobrir o que acontecera com ela.
Ligou para a casa da única amiga dela da qual tinha o número do telefone, que
também não sabia de nada.
Decidiu terminar o trabalho sozinho.
Tocou o telefone. Era ela.
Tocou o telefone. Era ela.
- Fui hospitalizada. Desmaiei hoje de manhã. Minha
mãe levou-me ao meu médico, assim que me recuperei. No consultório dele,
desmaiei de novo. Para poder diagnosticar, ele me hospitalizou para que pudesse
fazer uns exames.
Ele preocupou-se. “Que sensação estranha! De
abandono? de perda?”
- Que hospital?
- São Camilo.
-Qual o número do quarto?
-605.
Ansioso, cismado, pegou o carro e dirigiu até
o hospital para vê-la. Que alívio vê-la sorridente, já se preparando para
voltar para casa. Submetera-se a vários exames que nada acusaram. Recebeu alta
com a recomendação de ficar em casa sob observação e em repouso.
- Assim que
vais ter de terminar o trabalho sozinho, Carlos.
- Não é hora para pensares em trabalho, o
nosso já está no fim. Será entregue amanhã.
Voltando para casa, ouvindo música no carro,
repassou o que acontecera, e os sentimentos que tomaram conta dele. “Vontade de
correr para perto de Clara. De vê-la, de abraçá-la.” E assim como as nuvens se
abrem para o sol aparecer, entendeu que de seu coração desapareceram as sombras
do desejo de encontrar o “amor da sua vida”, ele estava perto. Era estender os
braços e prendê-lo num forte abraço.
Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google