Havia um balanço enorme no jardim
da casa da minha
tia , no qual
a criançada podia brincar ,
embalando-se todos juntos .
Ficava preso em
dois enormes plátanos . Eu
sentia náuseas com
o vaivém do balanço ,
por isso ,
enquanto ouvia a gritaria
dos meus primos
(o balanço atingia as “nuvens ”), eu
ficava sentada na soleira da porta ,
examinando os plátanos (as árvores sempre
exerceram sobre mim certo fascínio ).
Eu entrava no meu clima de sonho , e os plátanos
se transformavam em seres
animados com
vários braços
que me
pegavam, me aconchegavam e me tiravam dali, transportando-me para
lugares desconhecidos ,
deslumbrantes , embora
misteriosos, com castelos ,
com uma alameda
de plátanos na entrada
(por onde
passavam príncipe s
e princesas), rodeados de parques e jardins
coloridos com muitas aves , gorjeando alegremente ,
pousando ora aqui ,
ora ali ,
com uma grama
verdinha, verdinha...
Até que... um puxão
na minha trança me avisava que a brincadeira no balanço acabara. Mas eu ficava
ainda algum tempo sentada, olhando aquelas enormes árvores e vivendo no mundo
da minha imaginação.
Ainda hoje os plátanos
me atraem, principalmente
no outono , quando
suas folhas
tornam-se dourado-laranja, virando, ao caírem, um
fofo tapete , que cativa os olhares dos transeuntes
e abafa trôpegos passos .
Texto e foto: Mardilê Friedrich Fabre
5 comentários:
Boa tarde amiga
Maravilhoso seu blog,tudo que você escreve é lindo demais, sucesso muita paz e alegria neste Natal, beijos na alma, Léa Lu
Recordações! Como elas fazem bem a alma da gente...
Abraço, amiga Mardilê.
Jorge
Suas reminiscências fazem parte da teia de emoções por você vivenciadas. A gente consegue acompanhá-la facilmente em sua volta ao passado – a sua descrição da menina de tranças que vc foi é deliciosa. Irani
Estou em Brasilia, na III Conferência Nacional de Cultura, como Delegado representante da Costa da Mata Atlântica. Aqui está meio problemático para eu entrar na Internet...Quando voltar para Casa no domingo, vou me atualizar contigo.
Um abraço!
CCF
Encantei-me com esta crônica. Lindíssima!
Ilda Maria Costa Brasil
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