Início do ano letivo.
Entrei na sala de aula. Primeira série do 2º Grau. Alunos novos. Notei curiosidade
nos olhos que me fitavam.
- Bom-dia, cumprimentei-os.
- Bom-dia, professora, responderam em
uníssono.
- Antes de começarmos, vamos nos conhecer. Meu
nome é Natália e, como consta no horário que receberam, vou partilhar com vocês
meus conhecimentos de Língua Portuguesa e Literatura Brasileira. Durante a
chamada, à medida que digo o nome de cada um, por favor, diga de que escola
veio.
Muitos vieram
de outras escolas, mas também havia os que estudaram na nossa escola (portanto,
me conheciam de nome e de fama).
Observadora
(faz-se necessário na minha profissão), notei que um rapazinho moreno, olhos
vivazes, não parava de olhar para uma menina do outro lada da sala. Isso durou
o ano inteiro. A menina não parecia interessada nele.
Antônio (esse
era seu nome) fazia de tudo para ficar perto de Aline. Descobria com as amigas
em que festa iam, no recreio parava de modo que ela pudesse vê-lo, nos grupos formados
para trabalho, dava um jeito de participar do mesmo grupo. E ela... pouco
interessada...
No ano
seguinte, de novo, professora da turma de Antônio e Aline.Ela sentava-se no
fundo da classe, e Antônio, no meio (não havia mais lugar no ”fundão”).
Escolheram-me como conselheira da turma (uma espécie de professor responsável).
A queixa dos
professores era geral: Antônio não prestava atenção, ficava de costas para o
quadro–verde. Só tinha olhos para Aline. E ela... nem aí... Pediram-me para eu
tomar uma atitude, porque as notas dele estavam baixas.
Antes de dar a
minha aula seguinte, fiz uma preleção, dizendo que, para melhor aproveitamento
deles, eu faria umas modificações de lugares. Coloquei Antônio e Aline na
primeira fileira, no meio de “essa, não!” “por que, profe?” “logo eu!”, fui
determinando os demais lugares. Se Antônio melhorou? Sim. E Aline? (Não havia
como) Também. Aafastei-a das conversas com as amigas.
No início do
segundo semestre, qual não foi minha surpresa: os dois entraram na sala de mãos
dadas.
Sorridente, ele
me disse:
- O meu amor por ela é tanto que ela não
resistiu e finalmente enamorou-se de mim.
Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google
4 comentários:
Gostei, gostei!
Um caso de amor muito bem contado, tramado e com final feliz!
Abraço.
Jorge
Conheco bem os personagens da historia. Eu não poderia ter contado melhor. Obrigado por tudo minha querida professora e amiga Mardile. Beijo no coracao. Alex Georg
Deu tao certo que estamos juntos a 37 anos!! Obrigada querida madrinha por esta linda recordacao de como tudo comecou!!! Grande beijo!! Evelina Georg
Lindo, amiga! Obviamente, tu me fizeste chorar lendo estas preciosas linhas. Já no meio, eu estava entregue às lágrimas.
Esta realmente é a vitória do amor. E quando o amor vence, a vida vence, e tudo fica no seu lugar. Daniel Dias
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