sexta-feira, 28 de outubro de 2011

O Poeta e a Poesia




Olhar errando no vazio,
Mão inerte no ar,
Pensamento nos caminhos palmilhados,
Alguns deles esquecidos;
Outros ainda vivos,
Alimentados pela esperança
De não serem mais fantasias
E se transformarem em poesia,
Salienta-se na penumbra a sombra do poeta,
Que, desfocado,
Absorto e retraído,
Pela mente entorpecida,
Perde a imaginação,
Que se detém retida,
Controlada, sufocada...
Seus ais ressoam até a lua,
Que, penalizada com seu sofrimento, para,
Acompanha-o na sua dilacerante solidão,
Enviando-lhe seus raios argênteos,
Para que ele liberte em poesia
As emoções acorrentadas em seu âmago.
Assim iluminado pelos frisos de prata,
O poeta estremece
E move-se em câmara lenta
Como se um anjo lhe murmurasse
O poema que a mão despertada
Passa a desenhar ainda combalida,
Receosa e lânguida,
Desnudando-lhe a alma inquieta.
Seu pensamento, então, flui brandamente,
Eternizando-se em versos,
Que ultrapassarão a imensidade do tempo.




Mardilê Friedrich Fabre
Imaagens: Google

 

sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Haicais: Primavera


Tufos de brancura
noticiam primavera.
Fragrância de incenso.


Foto: Mardilê Friedrich Fabre
Buganvília rosa
floresce muito viçosa.
Enfeita o jardim.

Foto: Mardilê Friedrich Fabre
Filhotes no ninho.
anunciam primavera
Começo de vida.



Flores amarelas
bordam o verde do campo.
Luz de primavera.



Rompem flores brancas
no ânimo da primavera.
Jardim perfumado.



Rosas perfumadas
Encantam o jardineiro.
Enfim, primavera.



Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Escutando os dedos


















Na mansa noite,
que navega em silêncio,
o poeta escuta palavras
espargidas pela brisa.
Seus dedos inquietos
deixam vestígios reluzentes
de sentimentos incontidos,
formando imagens matizadas de amor.
A lua viandante
cobre-o com o véu da saudade
e passa diáfana.
E os dedos indiferentes revelam
os pensamentos calados
e os muitos sonhos e esperanças
desbotados por desilusões e obstáculos,
feridas que ainda sangram.
Os dedos insistentes prosseguem
e, sem vacilar, versam
sobre encontros e desencontros,
encantos e desencantos,
caminhos e pausas,
coerências e incoerências,
alegrias e sofrimentos,
colocando a nu, sua alma protegida.
E o poeta condoído
com o que lhe sopram os dedos,
petrifica-se no tempo suspenso.




Mardilê Friedrich Fabre.

Imagens: Google

 

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Ser Criança



Sempre Criança

Na suavidade da noite,
O perfume de jasmim
Propaga-se no jardim
E atinge-me como açoite.
A mente maravilhosa
Desperta a criança mimosa
Que dorme dentro de mim.
Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google