sexta-feira, 25 de abril de 2014

Uma noite... num café...





Sentado no fundo do café,
Pensamento longe,
Coração em pedaços aos meus pés,
Nem noto incoerentes sentimentos
Espalhados pelas mesas
E afogados em sinistros copos.
Entre o burburinho
Do entra e sai,
Do senta e levanta,
Das risadas e sussurros,
Vozes altas, dissimuladas, sobressaem.
Meus olhos percorrem o ambiente,
E transitam por um labirinto de olhares vagos.
No outro lado, num canto
Mais escuro que o meu,
Uma sombra balança seu infortúnio
Pra frente e pra trás.
De onde estou, imagino
Lágrimas que serpenteiam
Pelas faces em agonia,
E pingam nas mãos cruzadas,
Desamparadas, frias, sobre a mesa,
À procura de consolo e calor.
Esqueço que vim aqui, como muitos,
Para entorpecer minha tortura...
Curioso, hipnotizado,
Dirijo-me àquela mesa.
Sento-me vagarosamente
E toco aquelas mãos inquietas,
Que se aninham nas minhas,
Como se esperassem por esse gesto.

 

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google


sexta-feira, 18 de abril de 2014

Enquanto houver...





Uma rosa vermelha,
Que atrai beija-flores com seu perfume...
Um sorriso de criança,
Que ilumina a face de sua mãe...
Um céu estrelado,
Que acompanha a solidão do viajante...
Uma lua cheia,
Que prateia o beijo dos amantes no jardim...
Um mar verde-azulado,
Que embala corações no ritmo dos murmúrios...
Um sonho de luz,
Que esperança sentimentos eternos...
Um pássaro livre,
Que desliza em direção ao infinito...
Um olhar lacrimejante,
Que acorrenta almas dispersas...
Um caminho palmilhado de outono,
Que conduz passos trôpegos pelo tempo...
Um abraço aconchegante,
Que acolhe corpos sofridos...
Uma primavera verdejante,
Que traz o encanto de novas vidas...
Um alguém ao meu lado,
Que me segura a mão nos momentos difíceis...
 

Eu posso palidamente poetar...

 

 

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google


sexta-feira, 11 de abril de 2014

Impregnada de outono


Caminhos percorridos
Cobertos de folhas
Mortas.
Desolação outonal.
 

Folha morta
Seca
A folha
Jaz na calçada.
A garotinha, cabelos encaracolados, recolhe-a
E, carinhosamente, aninha-a na mão.
Nenhum pé descuidado, apressado, vai triturá-la.



Pensamentos
Caem
Como no outono
Folhas.
O tempo os dilui.




Outono

Neblina
Que toma conta de mim,
Fria,
Embaça a visão dos caminhos,
Perfeitos,
Traçados pela inconsequência.



Na tarde clara de outono,
Minhas emoções aciono.
Adejam folhas sem dono.


Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google

sexta-feira, 4 de abril de 2014

Descaminhos




Sigo na vida à deriva
São muitos os descaminhos
De uma jornada exaustiva
Com flores, perfume e espinhos.

Com flores, perfume e espinhos
Brotados no meu mais fundo
Revivo sem torvelinhos
Cada dia neste mundo.

Cada dia neste mundo,
Páginas de sombra e luz
São viradas num segundo
Por sábia mão que as conduz.

Por sábia mão que as conduz
A paz sem redemoinho
Renasce apesar da cruz
E em meu coração aninho.

Sigo na vida à deriva
São muitos os descaminhos.



Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google