terça-feira, 27 de agosto de 2013

AH! Vida...






Ah! Vida...
A vida
Fervilha dentro de mim,
Mas
Paralisa-me com lamentos
O tempo
Com sua trajetória infinda.




P´ra longe...
Atiro
P´ra muito longe de mim
Casos
Não resolvidos que me ferem.
A luz
Irrompe-me do âmago cinza.






Teoria:


Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Era uma vez o circo...




Sob a lona do circo, a expectativa para o início do espetáculo era grande. Foram vários dias de propaganda e espera. Muito se falou sobre os artistas e suas habilidades. A montagem do picadeiro e da lona foi acompanhada com interesse, principalmente pelas crianças. A toda a hora, meus filhos vinham com uma novidade:  

Mãe, falei com o palhaço. Ele é um homem normal.” 

“Mãããe, vi a roupa do trapezista. É vermelha, bem justinha, cheia de pedras que brilham”.  

Mãe, fizeram uma pista redonda. Penduraram umas varas. Disseram que é onde os trapezistas vão se apresentar”. 

Mãe, estou louco que chegue o dia. Vai ser a primeira vez que eu vou ver um circo!” 

Finalmente, chegou o dia. E estávamos nós na primeira fila. Olhinhos inquietos fixos no picadeiro. Não queriam perder nada. 

Primeiro, entrou o apresentador:
Senhoras e senhores, apresentamos o maior espetáculo da Terra”...  

Todos os circos do mundo apresentam o maior espetáculo da Terra. que as crianças não sabiam disso. Vieram os palhaços, dando cambalhotas no ar, fazendo soar gargalhadas de todos os lados com suas trapalhadas. 
Em seguida, apresentaram-se três jovens com brilhantes vestimentas vermelhas. Subiram pelas escadas de cordas suspensas e dirigiram-se para os trapézios. Seus corpos voavam no ar, saltos duplos, saltos triplos. Seguravam e soltavam os trapézios. Saltavam, giravam e seguravam-se nas mãos de um deles, pendurado em um trapézio imóvel. Perpassava um calafrio em nosso corpo ao ver aquilo. Eram verdadeiros bólidos movimentando-se no ar. Quando terminaram sua apresentação, o público aplaudiu-os em . 

Sucederam-lhes os malabaristas. Atiravam argolas para o alto. Aparavam com os braços, com as pernas, com a cabeça. Um deles subiu nos ombros do outro e um terceiro nos ombros deste, sempre atirando as argolas para o alto e aparando-as.
Chegou a vez da menina equilibrista, que dançou em um fio de arame.

Exibiu-se também um mágico que encantou com os seus números tão perfeitos que dava a impressão de que tudo era verdadeiro. As crianças acabaram acreditando que o coelho saiu da cartola, que ele cortou a mulher pelo meio e que tirou moedas da orelha do amiguinho de meu filho. 

A contorcionista fez do corpo o que quis: colocou a cabeça entre as pernas, rolou como uma bola pelo chão... 

E o espetáculo das águas dançantes coloridas ao som da valsa Conto dos Bosques de Viena, de Johan Strauss, então? Deixou todos com vontade de ver mais, e mais, e mais.  

Durante dias, o assunto foi o circo. Ainda mais duas vezes fomos assistir ao espetáculo. E era como se as crianças o vissem pela primeira vez. Até tive a impressão de que a atenção era redobrada, porque, além de ver, queriam aprender como se fazia. Minha orelha ficou vermelha de tanto quererem tirar moeda dela. O balanço virou trapézio. Um dia impedi, na hora, um deles tentando andar no arame de pendurar roupa com a minha sombrinha. Minha filha caiu, quando tentava subir nos ombros do irmão para fazer malabarismos... 

Até que, como tudo, o circo deixou de ser novidade e caiu no esquecimento, sendo substituído pelo filme do super-homem, que entrara em cartaz no cinema.


Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Vestígios no Caminho


 
Sigo as tuas pegadas
Que permanecem pelo caminho.
Acompanham-me os noturnos de Chopin
Que nos acalentavam nas noites mágicas.
O tempo, paralisado,
Esquecia-se do dever a cumprir
E tornava-se cúmplice
Do fascínio dos momentos.
Perturba-me o aroma das alfazemas
Que entra pela janela
E impregna o ar de sedução.
Nãomotivos para lágrimas
Ainda permaneces comigo
Em cada beija-flor
Que delicia a rosa,
Em cada raio de sol
Que reluz na grama orvalhada,
Em cada pingo de chuva
Que canta na calçada,
Em cada estrela
Que tremeluz esperança,
Em cada arco-íris
Que festeja a paz,
Em cada pôr do sol
Que tinge o infinito de saudade,
Em cada palavra
Que compõe o compasso
Da nossa vida em poesia.

 

Mardilê Friedrich Fabre


Imagem: Google

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Viagem Infinita


 

Viajo no tempo infinito.

Entre estrelas cintilantes,

Sou deusa ornada de diamantes.

À minha frente, a lua fito.

 

Um vento frio me carrega.

Desapareço nas cachoeiras.

Não são as horas passageiras

Do relógio que as entrega?

 

Abraça-me outra vez o vento.

Para o mar me conduz. Lamento

Não conseguir, como as sereias,

Deslumbrar homens das areias.

 

Rouba-me o vento a fantasia,

Conduz-me alto, para a harmonia,

Onde se dissolve a aparência

E se conquista a transparência.

 

Mardilê Friedirch Fabre


Imagem: Google