sábado, 30 de abril de 2011

Enluarada Fada



Enluarada

Plenilúnio  veste seu corpo
Filigranas de luz adornam a alma
Dualidade a serviço do amor!

Denise Severgnini



Enluarada Fada

Plenilúnio em poesia silenciosa
veste os sonhos em prosa.
Seu raio de prata atinge
corpo tão hirto! Esfinge.
Filigranas de palavras perdidas...
De ti retinem as tristes despedidas.
Luz absorve esplendores...
Adornam os versos os fervores.
A alma adormece no compasso,
dualidade das horas no espaço.
À porta aberta do coração,
serviço de intuição e compaixão,
do tempo brotam primavera,
amor, emoção e quimera.

Denise Severgnini // Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google.

Teoria:
http://comocriarpoemas.blogspot.com.br/2014/12/poesia-subliminar.html

sábado, 23 de abril de 2011

Páscoa


Ressuscitado

Nasceu com a grande missão:
Redimir do homem os pecados.
Amou sem gratificação,
Salvaguardou os maltratados.

Recebeu a pior punição.
Injuriado e crucificado,
Não se esqueceu do seu irmão.
Jesus Cristo, senhor amado!

Os malfeitores não negou,
Consagrou-os na hora da morte,
P´ra ajudá-los ressuscitou,
Tentando mudar-lhes a sorte.

Doce Senhor, peço perdão,
Não sou fiel como mereces,
Perco-me do teu coração,
Mas sei que ouves minhas preces.



A cruz é o limite

No topo do monte Calvário,
Um corpo inocente martirizado
Sofre por um povo mercenário.

Passivo, deixou-se conduzir.
Sabia do seu cruel destino...
Nem na agonia pensou em fugir.

Nasceu para amor transmitir.

Morreu para pecados redimir.





Renascimento

Recomeçar uma nova vida,
Recompondo nossos corações.
Reflexões em momentos de luz,
Refletidos das mãos de Jesus.
Responder com perdão a ofensa,
Reagindo com honra a poltrões
Requer a santidade da cruz.




Mardilê Friedrich Fabre


Imagens: Google

 

sábado, 16 de abril de 2011

Caso Kliemann: a história de uma tragédia, de Celito De Grandi


Professora recém-formada, iniciando a carreira, acompanhei pelas rádios e pelos jornais de 1962, com grande interesse, este cruel acontecimento que comoveu o Rio Grande do Sul e atravessou suas fronteiras. Entre os professores, na hora do recreio, em sala de aula com os alunos, comentava-se o caso, especulava-se sobre o assassino, criticava-se a ação da polícia. Meus alunos tinham mais ou menos a idade das meninas órfãs e talvez isso tenha atiçado seu imaginário, principalmente quando surgiu a misteriosa personagem “Dama de Vermelho”.

Chocada e sensibilizada com a morte violenta de Margit Kliemann e o sofrimento por que passavam aquelas três meninas, pois fazia pouco que eu perdera minha mãe, e isso se refletiu na minha vida de um modo desalentador, eu imaginava como estariam se sentindo elas.
Como eu li e ouvi na época as matérias, ao ler o livro me deparei com personagens conhecidas, embora nunca as tivesse encontrado pessoalmente.

Eu tinha ficado com a impressão de que sempre houvera algo que as pessoas queriam esconder, de que as investigações não tinham sido conduzidas corretamente, de que não havia nenhum indício de quem era o assassino, de que era um destes casos sem solução, do qual nunca descobriram o assassino.

Como se não bastasse Margit ter sido assassinada daquele jeito, também Euclydes foi alvejado mortalmente pelo vereador Karan Menezes, o Marechal, durante um programa de rádio que ia ao ar. O assassinato foi ouvido por muitas pessoas. Foi muito desgraça numa família só.

Este livro, a meu ver, esclarece, pelo menos para mim, depois de quase 50 anos, algumas dúvidas, e a principal é de que não foi Euclydes Kliemann o assassino da sua mulher, e sim Luiz Fernando Kurth, sobrinho de Euclydes. Algumas passagens da obra levam a crer que Euclydes estava protegendo o nome da família e sua irmã do desgosto de saber que fora seu filho o causador daquele bárbaro crime. Por exemplo, o modo como Euclydes respondeu para a filha Cristina, então com nove anos (criança é espontânea, diz o que pensa e o que sabe), quando ela lhe perguntou se não fora o Luiz Fernando.

Há que considerar que os políticos da oposição aproveitaram este lamentável episódio para agirem. Afinal, ele estava fragilizado e era um político em ascensão, inteligente, corajoso, ousado e com um bom eleitorado.

Nota-se que este livro é o resultado de um trabalho sério de pesquisa, tendo Celito De Grandi o cuidado de publicar apenas o que interessa para a compreensão e o desenrolar da narração. O autor faz um apanhado dos acontecimentos numa narrativa em dois tempos, de tal forma que os episódios se encaixam, não ficando soltos, nem deixando vãos, ilustrada-a com fotos dos jornais da época (reproduzindo as manchetes), de uma família que vivia feliz, de um homem que chora a perda da mulher que amou e das filhas atualmente. Nela percebem-se todas as características jornalísticas, não se desviando o seu autor de sua profissão. É objetiva, simples, focando os fatos com precisão, entrelaçando os acontecimentos passados com depoimentos presentes, com destreza, propriedade, dando voz a quem hoje já pode falar com serenidade, embora com pesar, sobre a tortura que suportou ao perder brutalmente os pais, pois só o tempo pode esfumaçar as imagens e aplacar o tormento de num segundo ver seu mundo esboroar irremediavelmente.






Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google


sábado, 9 de abril de 2011

A Sombra do Vento: considerações aleatórias



Ainda sob os efeitos da emoção que me causou a leitura de A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón e já sentindo saudades de seus personagens, teço sobre esta obra algumas considerações aleatórias.

O mesmo fascínio do protagonista Daniel Sempere me assolou ao ler este livro. Também eu quis saber algo sobre seu autor, sobre o qual nunca ouvi falar. Carlos Ruiz Zafón nasceu em Barcelona, recebeu o prêmio Edebé com o seu primeiro livro El Príncipe de La Niebla. Atualmente, vive em Los Angeles e escreve para jornais.

Envolvi-me com o enredo, os personagens e a narrativa como há muito não acontecia comigo. A trama acontece em Barcelona, de 1945 a 1966. Aos 10 anos, Daniel Sempere, certa noite, acordou assustado, porque não se lembrava mais do rosto da mãe, que morrera de cólera. Naquela madrugada, seu pai dono de uma livraria “especializada em edições para colecionadores e livros antigos”, levou-o ao “Cemitério dos Livros Esquecidos”, um misterioso labirinto, onde eram deixados os livros de escritores que não eram mais lembrados. Era costume na primeira visita, a pessoa escolher um livro para levar, e Daniel escolheu A Sombra do Vento, de Julián Carax, que, para mim, é o verdadeiro protagonista, pois foi ele que instigou a trama. O romance arrebatou-o. Leu-o num átimo. Fascinado, como nada soubesse sobre o autor, embora tenha crescido entre livros, resolveu procurar outras obras dele e saber quem tinha sido. Descobriu que era barcelonês, que viva em Paris e era pianista em um bordel, e o mais intrigante: um homem estranhamente comprava e queimava qualquer exemplar dos livros de Julián.

Daniel deparou-se com uma intrincada história cheia de mistério, vingança, ódio, decepção, solidão, sangue e mortes suspeitas.

Agora, pensado no enredo, ao escrever estes comentários, encontro nitidamente duas histórias de amor, que o escritor conduz lado a lado: Julián e Penélope (cujo final é trágico, com a separação dos amantes e morte de Penélope, esvaída em sangue, ao dar à luz, porque o pai não permitiu que a ajudassem) e Daniel e Bea (cujo final é feliz), de tal modo que Julián se viu em Daniel e em seu amor proibido.

Zafón amarra todos os núcleos da sua narração com mestria. O livro, narrado em primeira pessoa, não se enquadra em uma única classificação de romance, pois é policial, suspense, político, apresenta pitadas de comédia e duas histórias de amor.

É uma narrativa com muita ação, vivida por personagens atraentes, cativantes, extraordinários. Em cada capítulo, há uma situação nova, contadas com metáforas que impressionam pela qualidade e propriedade de imagem, que me fizeram parar várias vezes e desfrutar de tanta criatividade e da beleza desta prosa poética.




Mardilê Friedrich Fabre


Imagens: Google

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Remorso





Remorso

Remôo os dias passados sem ti.
Receio não aguentar tua ausência.
Respiram em mim sonhos contigo.
Recobro a serenidade na noite,
Recolhendo estrelas que tremeluzem,
Recortes de almas fugidias no tempo,
Reflexos dos frêmitos da distância.


Mardilê Friedrich Fabre
Imagens: almadeumaborboleta.blogs.sapo.pt