quinta-feira, 29 de junho de 2017

Quando amamos?



Amamos quando, na rosa branca
Recém-nascida no jardim,
Entremeado nas pétalas translúcidas,
Avistamos aquele sorriso
Que nos perturba há muitos anos.

Amamos quando ouvimos
No gorjeio do pardal
Acordes da inesquecível canção
Que une os corações
Numa ousada trama de paixão.

Amamos quando a nuvem
Carregada pelo vento,
Desenha a esperança
Da realização do sonho impossível.

Amamos quando uma palavra,
Pronunciada ao acaso (com intenção?)
Retumba dentro de nós
E nunca mais a esquecemos.

Amamos quando uma frase,
Expressa num momento de desabafo,
Instala em nós uma dor fininha,
Porque não houvera intenção de ser intruso.

Amamos quando compreendemos
Que construímos juntos
Uma terna história
Sem preocupação com o seu final.

Amamos quando, por mais que pretendamos,
Haverá uma dificuldade enorme em afastarmo-nos
Daquele olhar que nos aconchegou,
Porque não temos força suficiente
Para empreendermos a separação.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Vida a 2


quinta-feira, 15 de junho de 2017

Sozinha



A imaginação turbilhona sem descanso,
Encontra as aberturas do passado
E permite que imagens esquecidas
Tomem conta do meu hoje.

Eu e o nada que me completa...
Corro confusa, sem objetivos.
Douram-me as estrelas luzidias.
Escuto uma melodia. Nossa canção.

Fecho os olhos. Rodopio contigo
Pelo salão surreal da noite.
Aninhada nos teus braços, enlevada,
Deliro nas marés do tempo.

Abro os olhos. Novamente abandonada.
Tomo o rumo do cortejo da solidão,
Sento à beira da estrada de sonhos...
Pelo corpo escorrem-me as lágrimas da lua.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Sem Formol Não Alisa – Wordpress.com


sexta-feira, 9 de junho de 2017

Como uma fênix



Tal qual uma fênix brilhante
Ressurjo para nova etapa
De vida, agora planejada,
Não das cinzas, mas do refúgio
Para onde escapei, porque o peso
Da lentidão dos dias lúgubres
Impactava a felicidade.
Travo uma furiosa batalha
Com um novo amor imprevisto
Que derruba meus planos todos.
Ao mesmo tempo em que revivo,
Vago nas sombras da renúncia,
Ora sorrio porque existo,
Ora choro: devo ceifá-lo.
Serei eterna enamorada...
Descobrem-me, embora me esconda,
Os amores irrealizáveis.
Minh´alma vibra quando toma
Conta de meu ser o afogo
De uma paixão que me carrega
De atropelo para o calor
Inebriante dos carinhos.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem:www.xrest.ru