sexta-feira, 27 de junho de 2014

Sinergia






Ouço saudade nos pingos de chuva
Que batem na vidraça.
O olhar enfeitiçado
Não desvia dos galhos
Que dançam no ritmo do vento.
E o pensamento,
Sem que eu permita,
Foge de mim
E esconde-se em outro tempo
De doce sabor, só de ternuras,
Quando não era vedado
Correr descalça e beber da chuva.
Braços abertos, olhos cerrados...
Enquanto o corpo hirto se molhava
E a água escorria...
Até a alma lavada pela natureza...
Havia sinergia entre a menina
E o mundo que a rodeava.
Sem medo, ela comandava mentalmente
O vento e a chuva
Com a batuta da confiança.
Submissos, eles lhe obedeciam
E acalmavam-se.
Ela saía, então, de seu estado de inércia
E corria para os abraços quentes
Que a esperavam e a agasalhavam.
Entre risos e diálogos,
Tudo voltava ao normal.
Havia um caderno e um livro abertos
À sua espera.

 

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google


sexta-feira, 20 de junho de 2014

Dissabor



No seu rosto transparece
Da sua alma o dissabor.
O brilho do olhar fenece,
Coração morre de dor.

Cala em mim a poesia
Do poeta que enternece.
Num lance a melancolia
No seu rosto transparece.

No seu rosto transparece
Vinco incontido de dor.
Sua voz entoa a prece
Da sua alma o dissabor.


Da sua alma o dissabor
Afasta toda a benesse.
E de modo sofredor
O brilho do olhar fenece.

O brilho do olhar fenece
E assim mortificador
Perde o corpo o alicerce,
Coração morre de dor.




Mardilê Friedrich Fabre


Imagem: Google

sexta-feira, 13 de junho de 2014

Recordando...





tempo
passa
permanecem
desenhos
no
rosto

embalo
do
trem
saudade
da
infância


borbulham
os
olhos
negros
lembranças 
longíquas



Mardilê Friedrich Fabre
Imagens: Google









sexta-feira, 6 de junho de 2014

Minhas rosas




Entristeceram minhas rosas.
Nãomais teu sol no jardim,
Apenas lembranças nebulosas
Da melodia de um clarim,
Das borboletas melindrosas
Pousadas sobre o alecrim. 

Ninguém mais as acaricia
Com um sorriso deslumbrante.
Suspiros de melancolia
Saltam dos peitos lamuriantes
E tramam-se na poesia
Que se eterniza dardejante. 

Debruçam-se cinza os momentos.
A tarde esvai-se com um ai.
Das rosas ouvem-se lamentos
Por cada pétala que cai,
E a noite encerra alongamentos
Do infortúnio que em mim recai.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google