sexta-feira, 25 de dezembro de 2015

Amor Amigo?



Um dia foi amor amigo.
Ouvia com muita atenção,
O que se passava comigo.
Por ele eu tinha admiração.

Minha vontade era encontrá-lo,
Falar-lhe das minhas mazelas,
Sonhar em voz alta. Encantá-lo.
Desnudava-me sem cautelas.

Não compreendia os sinais
Que me enviava o coração:
O desejo de vê-lo mais,
A ânsia de pegar-lhe a mão.

me obscurecia a razão,
Ele estava envolto em mistério
E em mim, diferente afeição
Fez-me pensar muito mais sério.

Ele estava em meu pensamento
Todas as horas do meu dia.
Veio-me, então, o aclaramento:
De paixão meu corpo fervia.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: thesecret.tv.br

sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

Noite de Natal

Noite de Natal. Noite festiva.
Crianças quietas. Bem-comportadas.
Olhos atentos. Expectativa.
Corre-corre. Mães atarefadas.

Por que se coloca algodão na árvore?”
Mas, Mãe, aqui não neva. É verão”.
O pensamento fluía rápido
E punha-se a cismar a ilusão.

Na manjedoura, braços abertos,
O menino distribuía paz.
Vozes cantavam. Sensos espertos
Ante o presépio, pertinaz.

Presente? depois da oração,
De interminável interrogatório,
De conselho e recomendação,
De voto sonso e bajulatório.

Uma linda bonequinha preta
Ainda me acena na lembrança.
Por mais que o relógio me acometa,
Este presente sempre me alcança.

Papai Noel saía sorridente
P´ra espalhar a vinda de Jesus
Que, do estábulo, resplandecente,
Bendizia-nos com sua luz.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: jorgekontovski.ning.com

sábado, 12 de dezembro de 2015

Um tempo...



Quero um tempo sem tempo de girar,
Um tempo meu, parado, de olhar,
Um tempo sem relógio, de preguiça,
De não refletir, vida mortiça.

Um tempo sem sonhos despedaçados,
Nem lágrimas, nem pesares, nem brados.
Um tempo em que sobrem noites vadias
De desejos vertidos em euforias.

Um tempo de movimentos eternos
Que manifestem sentimentos ternos.
Um tempo vestido de horas únicas
(Passe o vento sem arrancar-lhe as túnicas).

Um tempo de sol liberto do posto
Cujo brilho resplandeça transposto.
Um tempo que no meu silêncio soe,
Flua no coração e não destoe.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: obviousmag.org

domingo, 6 de dezembro de 2015

Testamento



Aos meus filhos lego o amor,
Incondicional e irrestrito.
Ao meu companheiro, a dor
De meu coração em conflito.

Aos amigos, um pedido:
Não deixem morrer a poesia,
Cubram o mundo de alegria
E do sentimento escondido.

Não lamentem a minha morte,
Permanecerei no que escrevi.
Viverei no entusiasmo forte
E na história que construí.


Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: derecho.laguia2000.com

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ontem



Ontem, quando ainda estavas comigo,
E teu amor era meu abrigo,
Não havia esta lança em meu peito
Que sangra lembranças do teu jeito.

Ontem, quando a lua aparecia,
E prateava o jardim, que adormecia,
Teu olhar penetrava em meus olhos,
Brilhando. As mãos viravam antolhos.

Ontem não existia a saudade,
Regia-nos a duplicidade.
Não acreditávamos num fim.
Eu vivia p´ra ti, tu p´ra mim.

Ontem, a tua presença enchia
Meu corpo. Eras minha poesia.
O quarto exalava perfume,
E as estrelas piscavam seu lume.

Ontem, cercados pela magia,
Éramos dois em hora tardia,
Construíramos o nosso ninho...
Interromperam-nos o caminho...

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: construir.daysesene.com


sábado, 14 de novembro de 2015

Valor incalculável




Lenta, bate a chuva na vidraça,
Trazendo-me vestígios de ti,
Do teu andar gingado na praça,
Do teu olhar que p´ra mim sorri.

Envolto em véu de lágrimas,
Atravessas obstinado o espaço.
Na minha solidão intervéns,
Cadencias no mesmo compasso.

Grande é o valor da tua lembrança,
Que me impulsiona para viver.
Afastas-me da desesperança,
Induzes-me a não esmorecer.


Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: sarrabal.sapo.pt

sábado, 7 de novembro de 2015

Prelúdio



O sol desabrocha em clara manhã,
E o jardim perfuma-se de hortelã.
Meus olhos negros despertam tristonhos
Pelo cômodo dissipam-se os sonhos.

Há silêncio no horizonte laranja
Em reverência ao mundo que se arranja.
Desfaço as rugas de preocupação
Que em meu rosto desenhou a ilusão.

Os pássaros cantam em revoada,
E saúdam a vida que vem renovada.
O novo dia viçoso me abraça,
Faz das ideias negativas fumaça.

Na mata há rebuliço de animais
Livres da noite e seus riscos mortais.
Em mim soam palavras de carinho
Que me animam a seguir meu caminho.

Mardilê Friedrich Fabre

Foto: Celso Ferruda

sexta-feira, 30 de outubro de 2015

Fragmentos



Dissolvo-me em fragmentos
Que o vento dispersa
Pelo tempo, indisciplinadamente.
Ignoro onde paro.
Desconstruo-me...
Ofereço-me para a vida, sem sustos.
Cada pedaço de mim
Encontra-se com uma palavra
E formam versos
Que traçam caminhos de sonho.
Já não sou eu, mas aquela
Que voa como borboleta,
Que rola como lágrima,
Que acaricia rostos,
Que colhe alegrias,
Que abre pétalas vermelhas,
Que habita bosques mágicos,
Que o amor beija,
Transfigura
E desperta poesia.


Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: christianthsaddock.wordpress.com

sábado, 24 de outubro de 2015

Na primavera



O amor floresce na primavera.
Assim como as flores do jardim
Germina em profusão a quimera.
Acomoda-se absoluto em mim.

Recebo-o tranquila, com enleio.
É dele que vem a fantasia.
Tudo é razão para devaneio
Da larva que o casulo alforria.

Afinal, primavera de cores,
De renovação da natureza,
Quando os seres vivos são atores,
E tudo transformam em beleza.

O ego contempla maravilhado
O amor sobreviver à distância,
Bater no coração machucado
E afugentar de vez a inconstância.

A alma também reconfortada
Rejubila-se com sentimento
Que a converte em imaculada
E a transporta ao infinito isento.



Mardilê Friedrich Fabre
Fonte:
www.jardinar.com.br

terça-feira, 20 de outubro de 2015

Notícias sobre a Academia de Artes, Ciências e Letras "Castro Alves"

Cultura por Lucinha Lima em 2015-10-19 12:41:34


Por Ilda Maria Costa Brasil - Presidente

No dia 17 de outubro de 2015, às 15 horas, no Auditório Luís Cosme, da Casa de Cultura Mario Quintana, à Rua dos Andradas, 636, 4º andar, Bairro Centro Histórico, Porto Alegre/RS, Acadêmicos, Confrades e Convidados da Academia de Artes, Ciências e Letras Castro Alves reuniram-se para Sessão Solene - Posse de Membros Efetivo e Correspondentes. Membro Acadêmico Efetivo - Sr. Décio de Moura Mallmith, Cadeira Nº 31, Patrono Antônio Brasil Milano; Membros Acadêmicos Correspondentes - Ceres Marylise Rebouças de Souza, Itabuna/Bahia, Cadeira Nº. 06, Patronesse Lila Ripoll; Mardilê Friedrich Fabre, São Leopoldo/RS, Cadeira Nº 27, Patrono Caio Fernando Abreu; José Rodrigues de Arruda, Serrinha/RN, Cadeira Nº 28; Patrono Marcelo Gama; Alberto Slomp, São Paulo/SP, Cadeira Nº 29, Patrono Celso Luft; Felícia Teresinha Soares Lopes, Caçapava do Sul/RS, Cadeira Nº 30, Patrono Fontoura Xavier; Yara Regina Franco, Araraquara/SP, Cadeira Nº 31, Patrono Álvaro Moreira; Renate Leopoldine Gigel, Novo Hamburgo/RS, Cadeira Nº 32, Patrono Gladstone Mársico; Raquel Martínez Martínez, Montevideo/Uruguay, Cadeira Nº 33, Patrono: Darcy Azambuja; Nurimar Bianchi, Soledade/RS, Cadeira Nº 34, Patrono Araújo Porto Alegre; Maria Cristina Drese, Ponte Grande/Argentina, Cadeira Nº 35, Patrono Moysés Vellinho. O Cerimonial primou pelo apuro formal, temático e cultural. Apresentações e discursos, esplendorosos exercícios intelectuais. Esses irradiaram singularidade, brilhantismo e musicalidade. No término de nosso encontro, a Pianista, Acadêmica Sra. Yara Regina Franco, agraciou-nos com uma belíssima apresentação musical.

 Fonte - Ilda Brasil - ildamariabrasil@yahoo.com.br
Foto   - Divulgação

Referência
http://www.redesemfronteiras.com.br/noticia_ver.php?acao=comentar&id=1433

sexta-feira, 16 de outubro de 2015

Elimino os pensamentos



Resolvi abolir meus pensamentos.
Minha mente está em branco, vazia.
Não quero pensar nem em poesia,
Por isso estes versos tão cinzentos.

Hoje em mim predomina a reticência.
Não desfruto de passado ou presente.
Esfumo invisível, serenamente,
Enclausuro-me, retorno à essência.

Os medos sumiram pelo caminho.
Não me preocupo mais com a sorte,
Não sofro por ter perdido meu norte
Nem me angustia o mundo em burburinho.

Sem pensamentos, flutuo de mim,
Entro no espaço azul ilimitado.
As decepções não estão a meu lado,
A luz intemporal me absorve enfim.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Amor em rascunho



O destino rascunhou nosso amor 
Entre letras mal traçadas, borrões,
Fases de desalento assustador,
Num sobe e desce de contradições.

Com mãos trêmulas refaço caminhos,
Torno a escrever a história em poesia.
De olhos cerrados, sinto os teus carinhos,
Ao abri-los lamento a alma vazia.

Segui tentando decifrar mistérios,
Enxerguei os desatinos ocultos,
A intenção de fugir dos ministérios,
E a saudade difundida por vultos.

Não suspendeu o tempo minha súplica.
Confundi-me nas horas fugidias,
Não me levou a correnteza inóspita.
Permaneci nas entrelinhas frias.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: www.overmundo.com.br

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Intuição



Sei que te encontrarei outra vez...
Quem sabe, na areia à beira mar,
em um campo florido, talvez,
ou à margem de um rio, ao luar...

Nem será necessário falar
p´ra onde ir. É seguirmos o vento,
e estradas, e montanhas passar,
levados por nosso sentimento.

Despertar-nos-á luz intensa,
que nos conduzirá às estrelas,
e , nuvem volátil e densa
envolver-nos-á em aquarelas.

Seres em um corpo translúcido,
recordaremos a brevidade
da andança pelo mundo não lúcido
e atingiremos a eternidade.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: hajavista.comunidades.net


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Ausência



Estas escalas foram criadas para o "Laboratório de criação  Um poema não tem fim".





Teoria ESCALA:
http://comocriarpoemas.blogspot.com.br/2014/11/escala.html


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Escrevo e reescrevo




Muitas perguntas. Nenhuma resposta.
As letras juntam-se em palavras soltas.
Uno-as. Leio-as. É acepção imposta.
Separo-as. Reúno-as. Reviravoltas.

Risco-as. Substituo-as. Incoerência.
Detenho-me. Respeito-as. Discordância.
Entendo-as. Nãosolução. Ausência.
O sentido do mundo. Inoperância.

Esforço-me. Aventuro-me outra vez.
Recoloco-as. Resisto paciente,
Mas nada logra salvar a mudez
Das palavras do caos inconveniente.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: m.megacurioso.com.br

sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Ó Poeta...



Ó Poeta,inflama-te a dor.
Dos teus olhos pingam palavras
E teus tímidos versos lavras,
Perpetuando o teu amor.

Teu coração verte-lo em rimas
Na cadência do teu lamento.
Tua mão vacila um momento.
Por que, Poeta, não te animas?

Ouve. fora existe vida.
O mundo canta em sinfonia.
Descreve-o em alegoria,
Salva-te da mágoa homicida.

outro tom ao teu poema,
Cria imagens de regozijo,
Não sejas contigo tão rijo,
Deixa-te amar. Inverte o tema.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: revistacult.uol.com.br