O dia entristece.
O sol se esconde atrás
da névoa.
Meu coração mortifica-se.
Minha cabeça turbulenta
Perturba-se com tua
imagem
Emergida do misterioso
mundo da vaguidão.
Minha pele sente teus
dedos macios,
Teus olhos falam
Para minha alma
desprovida de acalentos.
Bebo as doces palavras
Que não dizes
E que escorrem pelas
minhas faces,
E alojam-se na alma
abandonada.
Imagino que me abraças
...
Levanto as mãos para
tocar-te...
Não te materializas,
És apenas uma
alucinação.
Estavas distante...
Eu nem me recordava
mais,
Eras somente uma
lembrança
Diluída no tempo como
tantas outras.
Surgiste da vastidão
impenetrável.
Agora sofro tua ausência
Que me importuna,
E me atormenta,
E me maltrata,
E me lancina.
Meu ser encontra-se tão
embebido de ti
Que, temo, um dia
explodirá.
Quando aceitarei
Que nunca poderás ser
meu?
Preciso conformar-me
Em amar-te sem que tu o
saibas,
Mas a esperança de ouvir
tua voz
Fazer-me uma declaração
de amor,
Essa não morre.
Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Flor do Cerrado
Em resposta a esse poema, meu amigo e
confrade, Celso Ferruda, fez o seguinte poema:
Desmardilerizando...
Das tristezas descritas, um brilho no olhar.
Sol contido entre vagas nuvens, reaparece.
O coração certifica-se: é tempo de sorrir...
Cabeça turbulenta passa a sonhar tua imagem.
Pele suavizada, sensibilidade e ligação no olhar.
Os olhos que lamentavam bebem palavras,
As tuas palavras, em silêncio!
Ações que parecem diluir-se na vastidão do tempo
E voltam saborosas em forma de lembranças.
Agora sem sofrer a ausência que importunava,
Que atormentava,
Que maltratava,
Que dava dores agudas...
Não temo mais a explosão dum sentimento fatídico,
Guardando segredos de amor, somente para mim.
Posso hoje ouvir a consciente voz,
Desmardilerizando o passado:
"Este amor não morre, jamais morreu... vive na poesia."
Celso Ferruda
Imagem: Mulheres Bonitas