Ainda me surpreendo...
Ainda me surpreende a guerra,
Que a bondade dos seres soterra.
Ainda me assombra a mendicância,
Que existe por causa da ganância.
Ainda me espantam as amarras,
Que prende emoções como garras.
Ainda sofro com preconceito,
Que, triste, abomino, não aceito.
Ainda me sobressalto co´a ira,
Que meu coração p´ra longe tira.
Ainda me desaponta a dor,
Que devasta o homem apaziguador.
Ainda me atordoa a opressão,
Que impede a passagem dos que vão.
Ainda me desagrada o vício,
Que vem associado ao malefício.
Ainda choro co´a indiferença,
Que vem acompanhada de ofensa.
Ainda lamento a exclusão,
Que não é digna do eu cristão.
Ainda me atoleima o abandono,
Que faz da terra lugar sem dono.
Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google