sexta-feira, 29 de julho de 2011

Poetrix

Poetrix, criado pelo escritor baiano Goulart Gomes, é um poema minimalista: um terceto com, no máximo, 30 sílabas poéticas. O título é obrigatório, mas a rima, não. Contam o ritmo, a sonoridade e o emprego de figuras de linguagem. 




Flores Sofridas

Esquecidas pelos colibris,
desmaiadas, sem cores,
pelo delírio levadas...


Flutuante

Tua alma desnuda
voeja para a luz.
Leveza e graça.


Destino Gravado 

No berço da poesia,
desatando versos,
recolho saudades.


Na orla do dia

Pálidas nuances.
Embalada pela brisa,
tremula a manhã.


Perpetua-se a alma

Em poemas eternos,
melodia em catarse.
Esperança tramada em versos.




Da chuva

Gotas tamborilam na vidraça.
Sombras de seda
formam arabescos nas paredes.




Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Bordando a vida.



Bordo minha vida
Com linhas de seda
Douradas e brilhantes.
As noites de insônia,
Teço-as com pontos cheios
À luz argêntea da lua.
As minhas dores,
Revisto-as de pontos renascença,
Transformando-as em quimeras.
A minha solidão,
Preencho-a com pontos trançados
De lembranças e ternura.
A minha descrença,
Remendo-a com ponto matiz,
Colorindo-a com a luz do amor.
O meu desconsolo,
Enfeito com pontos partidos,
Cicatrizando a ferida da ingratidão.
A minha saudade,
Detalho-a com ponto pétala,
Perfumando a estrada percorrida.
Os meus conflitos,
Mesclo-os com barras suspensas
De pontos de alinhavo,
Atando os desejos íntimos
Na profundidade dos mistérios
Da imensidão da minha existência.



Mardilê Friedrich Fabre
Imagens: Google

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Sutilezas




Nas sutilezas do seu olhar,
Compreendo seu jeito de amar.

Maroto, causa-me calafrios,
Ponho-me, então, a fantasiar.

Reticente, fico intrigada,
Seria capaz de desertar?

Suplicante, sou toda carinhos
Como o sereno a flor a beijar.

Doce, ameniza-me o desconsolo.
Não mais a dor a me amedrontar.

Sorridente, declamo a esperança
Enamorada à luz do luar.

Triste, espreito-o desamparada,
Borboleta sem rumo pelo ar.

Pensativo, sondo-lhe o semblante,
Mas nada tem para me ocultar...

Disfarçado, não o reconheço,
De longe, fico só a observar.

Apaixonado, esqueço o infortúnio,
Anseio em seus braços me aninhar.






Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google


Teoria do gazal:



sexta-feira, 8 de julho de 2011

Viagem Fatal*** Diante do Espelho***Viandante


Viagem
Fatal


Vaticinaram que morreria carbonizado. Por isso, não viajava de avião. Ia pela estrada, ar condicionado ligado, vidros fechados... Não ouviu o estrondo do choque do caminhão de combustível desgovernado contra seu carro.




Diante do Espelho

Hirta, sentada diante do espelho, viu sua vida nele refletida. Trinta anos de total dedicação: filhos, marido, trabalho. Levantou-se. Era um autômato. Saiu da casa. A noite a engoliu.




Viandante


Trôpego, ele perambulava pela cidade na fria madrugada. O silêncio retumbava em seu cérebro. Até a lua o acompanhava, tentando protegê-lo. Intensa dor. Desnorteado, parou, pensou... Nada...
Perdera-se de si mesmo.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google


sexta-feira, 1 de julho de 2011

Ser poeta





Ser poeta
 

Sonhar mais que sufocar...
Entusiasmar mais que amargurar...
Rimar mais que falar...

Pulsar mais que agitar...
Ousar mais que observar...
Energizar mais que explicar...
Temporalizar mais que teorizar...
Amar mais que desprezar...


Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google