sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Não desisti de mim




Fragilizada pela vida,
Sozinha... E as recordações...
Minha face desprotegida
É máscara de frustrações.

Arrebataram o meu ego.
Não sou mais aquela que fui.
Por um mundo louco trafego,
Mesmo o sorriso se dilui.

Não falo com facilidade...
Dias e noites esquecida...
Até nem sei se tenho idade
Ou história sobrevivida.

A memória também me esquece
Nem a canção de ninar lembro.
Entoava sempre... como prece...
Alterava ao chegar dezembro...

clarões na mente estagnada.
Preciso preencher os escuros,
Restituir-me a vida roubada,
Alcançar estágios seguros.

Espantar todos os meus medos,
Não alimentar a saudade,
Contar bem alto meus segredos
E usufruir da liberdade...


Mardilê Friedrich Fabre

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Não esmoreço



Minha vida é uma estrada,
Ao longo da qual verti
A inquietude do desejo de acertar.
Palmilho cada trecho,
Entregando-me por inteiro.
Mesmo com passos vagarosos, trôpega,
Uma estranha força interior me conduz.
sentei à margem,
À sombra de uma árvore amiga...
Um caminhante percebeu-me e, gentil,
Convidou-me para prosseguir.
Quando as forças me abandonaram,
Levou-me em seus braços.
Nos trechos brumosos,
Nos quais se tornava difícil enxergar,
O encantamento exalava
A doçura das flores nascidas a esmo,
E eu deslizava com a facilidade de um querubim
Para adiante encontrar um obstáculo,
Ante o qual parava para pensar
Se seria prudente continuar
Ou finalmente desistir.
Entretanto, colhia o entusiasmo
De quem me esperava
Ou daqueles que me acompanhavam,
Então, de cabeça ereta, arremessava-me,
Às vezes, sem muita direção,
Impelida por obstinada
De que, no meu caminho,
Nãolugar para o desânimo.


Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Agitados arpejos







Cruzam notas musicais
Em agitados arpejos.
Pelo tempo em espirais,
Definem sons benfazejos.


Definem sons benfazejos
Das luminosas cantigas
Que abrilhantam os festejos
De vidas febris, antigas.


De vidas febris, antigas
Foi povoado outro mundo
Que não quer saber de intrigas,
Díspar deste tão fecundo.


Díspar deste tão fecundo
Em que intenções e desejos
Nascem a cada segundo
Das canções dos realejos

Cruzam notas musicais
Em agitados arpejos.




Imagem: Google

sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Remoto Amor



A adolescência seguia vagarosa e lânguida...
Durante a semana, os dias se arrastavam.
Para ver o sujeito de seus sonhos
Passar de longe, quantos subterfúgios!
Chegava o domingo! (Quantos com chuva!)
O coração inquieto batia rápido...
O destino era o clube, onde a vida cantava,
E o encontro não marcado acontecia.
Enfim, juntos por algumas horas...
As palavras eram desnecessárias,
Os olhares dardejavam centelhas de emoção,
E os corpos vibravam no ritmo do amor.
Nunca houve sequer um beijo,
O mais próximo, uma cabeça carinhosamente
Puxada para repousar no colo arfante,
Enquanto planavam ao som da melodia,
Arrebatados, esquecidos e enlevados,
Um do outro embebidos.



Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google