sexta-feira, 27 de julho de 2012

O tempo mata o tempo


nãomais tempo.
As horas ficam dependuradas
Nos ponteiros da esperança.
A razão se surpreende
Com a quebra do ritmo
E permanece nas ausências presentes.
O coração paralisa no momento,
Ecoando no silêncio do passado,
Evapora o som nos meandros do futuro,
Oculto nas sombras dos desencantos.
Como papel celofane,
A paz envolve a eternidade.
Mistérios não revelados dispersam-se
Pelas lacunas dos compassos
Inaudíveis dos segundos
Que se esvaziam...
Harmonia inigualável
Peregrina pelo infinito
Que, inabalável, no seu repouso,
Tolera o universo em suspenso
À espera de mão mágica
Que abrirá a cortina do tempo.



Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Mini-haicai





Caio sempre
na concha do tempo.
me aninho.


Madrugada...
Minh´alma dos laços
alforrio.



Contristada,
não existo em mim,
mas em versos.


Sou poeta.
Entranço palavras
singulares.

Mardilê Friedrich Fabre


Imagens: Google

quarta-feira, 18 de julho de 2012

O frio bate à porta



Temporal de inverno.
Tenta salvar-se da enchente
um cão vira-lata.


A criança dorme
diante da lareira acesa.
Sonha com pandorgas.
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Noites mais compridas
convidam ao aconchego.
Emoções à tona.

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Coberto de branco
o jardim fica vazio.
Silêncio pungente.


Mardilê Friedrich Fabre

Imagens: Google


sexta-feira, 13 de julho de 2012

Carta de Amor



Hoje, dia muito frio, nostálgica,
Resolvi revirar minha gaveta de guardados,
A gaveta das recordações.
Cada objeto tocado
Reflete de imediato uma imagem.
Um caderninho...
Nada escrito,
Mas entre as páginas em branco,
Pétalas secas,
Flores recebidas em dia especial...
Desvio o olhar,
No cantinho, dobradinha,
Uma folha de papel amarelada...
Que será? Não me lembro.
Abro-a com cuidado.
Coração bate mais forte...
Emoção...
A primeira carta de amor que recebi.
Quantos anos eu tinha?
Quatorze? Quinze?
Diz das noites insones
Que ele passava pensando em mim,
Do brilho dos meus olhos negros
(são negros os meus olhos?),
Dos meus lábioscarnudos
(ainda enrubesço ao ler essa palavra),
Do meu andargingado”,
Do meu perfume adocicado
(que perfume eu usava?),
Da vida que eu exalava,
Da mudez que o assolava,
Quando estava perto de mim,
Do calafrio que percorria seu corpo,
Quando dançava comigo
(aprendemos a dançar um com o outro)...
Leio-a e releio-a.
Depois de tantos anos,
As letras bailam embaçadas,
Como na primeira vez em que a li.
Desisto de continuar.
Guardo a carta no mesmo lugar,
Do mesmo jeito.
Fecho a gaveta.
Olho para o céu ,
No azul brilhante,
Um rosto desbotado pelo tempo.


Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Triversos




Surgem as estrelas,
velas que acendem a noite.
Ouço-as como Olavo.

Meu corpo se extingue.
Refugio-me nos sonhos
que, azuis, me transladam.



Crio uma Pasárgada
onde não existem dores.
cores e amores.


Mardilê Friedrich Fabre