sexta-feira, 17 de junho de 2016

Versos que não escrevi



Saudades dos versos que não escrevi,
Tão leves! lembram o voo do colibri.
Com gosto de beijo de morango,
Tão sensuais! como uma letra de tango.
Não revelam nosso apaixonante segredo,
Tão misteriosos! têm a vida como enredo.
Não cumprem sua missão: despertar amor,
Tão entristecidos! morrem no coração do criador.
Deixam sementes nos caminhos da alma,
Tão envolventes! abraçam o tempo com calma.

Não ensinam a usufruir dos sorrisos de rubi,
Tão abandonados! perdidos nos redobres do frenesi.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: utopia43.blogspot.com

Este é um poema cuja autora nomeou "enlaces disticus."
Teoria:http://comocriarpoemas.blogspot.com.br/2015/09/enlaces-disticus.html





sábado, 4 de junho de 2016

Saudades...



Saudades...
Do crepitar vermelho
Que cozinhava lentamente
A ambrosia dos deuses
(Vontade de provar...)
“Vai queimar o dedo, guria!”.

Saudades...
Do troc troc troc da máquina de costura
Que dava forma ao tão sonhado vestido,
Ímpar, perfeito, sem igual.

Saudades...
Do caminhar cantarolante
Para a hora do café da tarde...
Do colo quentinho na hora da dor.
Sanava qualquer mal.

Saudades...
Do carinhoso curativo nos joelhos sangrentos...
Dos provérbios, em vez do “eu te avisei!”

Saudades...
Das vidas que vivem em mim,
Que me amaram,
Apesar dos meus defeitos,
Que acreditaram em mim,
Que me ensinaram
A aceitar as horas de provação
Com um sorriso nos lábios.

Mardilê Friedrich Fabre