sábado, 20 de fevereiro de 2016

Descompasso das palavras



Chocam-se palavras em conflito.
Presas na concha do coração,
Surpreendem-se com a aflição
Do que para o papel eu transmito.

Associam-se de uma maneira,
Mas meus dedos desobedientes
Entornam sentimentos prementes
Que coam solidão prisioneira.

Aos sonidos falta sintonia.
Libertam-se sem rumo, sem norte,
Ofuscam-me a mente, seu suporte,
Dispõem as cordas da poesia.

Pasma-me do poema o final.
Meu intento era a alegria cantar,
Mas as palavras vêm exclamar
O inusitado, o excepcional.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: doam-sepalavras.com.br

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Resgate

Foto:Maria Inês Daudt

O dia encosta sua borda na noite,
Enquanto o sol percorre
Seu caminho de cores,
Regido pelo silêncio que exerce
Sua atração pela lua.
As estrelas atapetam de brilhos
As tortuosas trilhas da paixão.
O jasmim emana seu perfume luxurioso
Que a música enreda na saudade
O cheiro de terra molhada
Regada por melancólicas gotas de chuva.
Fascinantes recordações esborrifam no tempo
E resgatam a menina de tranças
Que brinca de pés descalços nas poças d´água
Sem pressa, receptiva à delicadeza
Que só ela percebe neste mundo de frustrações.

Mardilê Friedrich Fabre





domingo, 7 de fevereiro de 2016

Reinício


De meus olhos cai o desencanto.
Terminou o delírio, portanto,
Que me obscurecia o pensamento
E confundia-me o sentimento.

Não derramo lágrimas inúteis.
Não confio mais nas tuas fúteis
Palavras que me narcotizavam
Nem em teus olhos que me enganavam.

Enredaste-me na tua teia.
Tolo meu coração titubeia.
Confunde-se na sua certeza.
Inda não crê na tua torpeza.

Desfaço-me, então, desta agonia,
E a minha sensatez me auxilia.
Esqueço enfim nossa triste história
E principio outra trajetória.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: vivomaissaudável.com.br