Desenrolo o novelo
Com fios de amanhecer
E teço os dias hora a hora.
As mãos, cansadas
De bordar suspiros,
Repousam na cesta de segredos.
Os olhos, depois de enredar enganos,
Fecham-se lavados de lágrimas.
O corpo senta-se ereto
À espera da magia
Que ficou na promessa.
As pernas paralisadas agitam-se.
Não têm desculpas
Para a indolência
Que as agoniza.
Não restou ao dia outra saída senão forjar-se
A si mesmo, nostálgico,
Sufocado pela vontade
De cometer o sacrilégio
De morrer de novo...
E de novo...
E de novo...
Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google
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