Um piano reza um noturno de Chopin
Nesta cintilante tarde de primavera.
Notas musicais voam pelo espaço,
Acompanho-as cruzarem o vazio
Antes de atingirem minha alma paralisada.
Vejo-as coloridas de sentimentos.
Um dó vermelho de amor rodopia
Atrás de um sol luzente de energia.
Agora é um mi animado de azul
Que sublima a delicada melodia.
Minha atenção volta-se para um ré
Que propaga meiguice rosa ao vento.
Um fá se equilibra na brancura da paz do dia,
Blandícia que declina em silêncio.
Um misterioso si irrompe decidido
E entra na verde sinergia,
Encaixando-se no compasso tranquilizante.
Não seria perfeita a visão,
Se não surgisse um lá leve e ousado,
Que sublima lilás em mãos caridosas,
Dando vida a devaneios inexpressivos,
Dourando-os com arranjos desencadeados
Em momentos iluminados de sublimação.
Mardilê Friedrich Fabre
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