sexta-feira, 26 de setembro de 2014

A carta



Figura misteriosa...
Semblante enigmático...
De preocupação?
Uma carta aberta repousa sobre a mesa.
Precisava decidir algo importante?
Pensamentos distantes...
Estática, ante uma xícara de chá
e de uma carta...
Automaticamente, pega o açúcar
E coloca-o na xícara.
Pega a colher
E mexe o líquido amarelado.
Tudo nela é mecânico.
Nota-se sua alienação.
Sua perna balança continuamente...
Que faz ali?
Espera alguém?
Foge?
De súbito, ela pega a carta,
Dobra-a e guarda-a na bolsa.
Levanta a cabeça,
Olha um ponto à sua frente com determinação,
Sorri...
Chama o garçom,
Paga o chá, que não tomou,
E sai do bar com altivez
Como quem toma uma decisão
E que não voltará atrás.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

Determinamos nossos passos



Nossas vidas prosseguem
Por um caminho revestido
De uma camada de sentimentos,
Ora sombrios, ora iluminados.
Passamos por eles incólumes.
Amamo-nos apesar das diferenças.
Juntos escrevemos uma história
De risos e lágrimas,
De encantos e tormentos,
De presenças e ausências,
De prazeres e dores,
De sonhos e pesadelos,
Que o tempo se encarregará de esmaecer
Como fotografias penduradas na imaginação.
Embora lado a lado,estimulados pelo amor,
Damos cada um o nosso passo
E adentramos a esperança
De um horizonte de raios de luz.

Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Uma canção para ti

Foto: Mardilê Friedrich Fabre

Entre dós entrecortados de soluços,
escrevo esta canção.
Diz da ternura
que soa em mim.
Os timbres das claves de sol
suspiram saudades dos aconchegos.
Nas vibrações dos rés,
sustenidos pelo amor,
trovo em ritmos candentes
os vínculos que marcaram fundo
(e não cicatrizam).
Os tons melancólicos
da despedida repentina
num inverno monorrítmico
vibram em acordes lentos.
Na partitura de cada dia,
breves e semibreves momentos
harmonizam-se perfeitos.
Nas escalas em andamento,
a vida me surpreende,
diluem as sombras do passado.
Acordo da noite dolorida
e componho esta melodia
que ritmava em meu peito
desde que te conheci.



Mardilê Friedrich Fabre

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Momentos



 Sexta-feira. O dia está sombrio.
A vida ecoa no vazio.
Uma vassoura varre a calçada
Depois que passou a chuvarada.
O vento canta nas folhas
E desaparece. Não tem escolhas.
Um pássaro pipila nos fios
Para não cair, vence desafios.
Um gato ronrona enroladinho
No colo do dengoso menininho.
Jovens saem da escola. Ligeiros.
Vão para suas casas. Faceiros.
Pessoas buscam seu destino,
Objetivam seu lar, lugar divino.
Por todos os lados, sopra a vida
Em meus momentos refletida.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google