sexta-feira, 20 de novembro de 2015

Ontem



Ontem, quando ainda estavas comigo,
E teu amor era meu abrigo,
Não havia esta lança em meu peito
Que sangra lembranças do teu jeito.

Ontem, quando a lua aparecia,
E prateava o jardim, que adormecia,
Teu olhar penetrava em meus olhos,
Brilhando. As mãos viravam antolhos.

Ontem não existia a saudade,
Regia-nos a duplicidade.
Não acreditávamos num fim.
Eu vivia p´ra ti, tu p´ra mim.

Ontem, a tua presença enchia
Meu corpo. Eras minha poesia.
O quarto exalava perfume,
E as estrelas piscavam seu lume.

Ontem, cercados pela magia,
Éramos dois em hora tardia,
Construíramos o nosso ninho...
Interromperam-nos o caminho...

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: construir.daysesene.com


2 comentários:

Lina Piloneto disse...

Poesia dos sentidos. Sublime, como o próprio amor!

Jorge Sader Filho disse...

Gosto de certos ditos populares. "Não há bem que sempre dure, nem mal que não se acabe." Parece que vamos assim.
Abraço.