sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Pés nas Nuvens




Havia um balanço enorme no jardim da casa da minha tia, no qual a criançada podia brincar, embalando-se todos juntos. Ficava preso em dois enormes plátanos. Eu sentia náuseas com o vaivém do balanço, por isso, enquanto ouvia a gritaria dos meus primos (o balanço atingia as “nuvens”), eu ficava sentada na soleira da porta, examinando os plátanos (as árvores sempre exerceram sobre mim  certo fascínio).
Eu entrava no meu clima de sonho, e os plátanos se transformavam em seres animados com vários braços que me pegavam, me aconchegavam e me tiravam dali, transportando-me para lugares desconhecidos, deslumbrantes, embora misteriosos, com castelos, com uma alameda de plátanos na entrada (por onde passavam príncipes e princesas), rodeados de parques e jardins  coloridos com muitas aves, gorjeando alegremente, pousando ora aqui, ora ali, com uma grama verdinha, verdinha...
Até que... um puxão na minha trança me avisava que a brincadeira no balanço acabara. Mas eu ficava ainda algum tempo sentada, olhando aquelas enormes árvores e vivendo no mundo da minha imaginação.
Ainda hoje os plátanos me atraem, principalmente no outono, quando suas folhas tornam-se dourado-laranja, virando, ao caírem, um fofo tapete, que cativa os  olhares dos transeuntes e abafa trôpegos passos.


Texto e foto: Mardilê Friedrich Fabre



5 comentários:

Anônimo disse...

Boa tarde amiga

Maravilhoso seu blog,tudo que você escreve é lindo demais, sucesso muita paz e alegria neste Natal, beijos na alma, Léa Lu

Jorge Sader Filho disse...

Recordações! Como elas fazem bem a alma da gente...
Abraço, amiga Mardilê.
Jorge

Anônimo disse...

Suas reminiscências fazem parte da teia de emoções por você vivenciadas. A gente consegue acompanhá-la facilmente em sua volta ao passado – a sua descrição da menina de tranças que vc foi é deliciosa. Irani

Anônimo disse...

Estou em Brasilia, na III Conferência Nacional de Cultura, como Delegado representante da Costa da Mata Atlântica. Aqui está meio problemático para eu entrar na Internet...Quando voltar para Casa no domingo, vou me atualizar contigo.
Um abraço!
CCF

Anônimo disse...


Encantei-me com esta crônica. Lindíssima!
Ilda Maria Costa Brasil