sexta-feira, 18 de maio de 2018

Abandonada



Perdi, sim perdi
Um grande amor
Que perdurou um longo tempo
Enclausurado nos labirintos
De um passado amortecido.
Bastaram algumas palavras
E ele, que dormia tranquilo
No meu coração, seu berço,
Despertou e bebeu cada frase tua.
Sonhou ouvir a declaração que permanecia
Descansada em seu pouso
Sem ousar alcançar
O limbo de ausência tão dolente,
Presente agora, não como o almejado,
Porque o impedem circunstâncias
Já concretizadas, impossíveis de romper.
Resta tão somente
O sabor doce-amargo deste amor
Que ora sinto unilateral
Não ouço mais sutis promessas
Ao som de envolventes canções
Nem me extasio
Com o desabrochar da rosa vermelha
Que inunda, sem piedade, de perfume
Este meu mundinho inodoro.
Encerro-te, de novo, amor,
No íntimo do meu eu
À espera que me reencontres,
Para alimentar minhas emoções,
Esquecida de toda e qualquer razão,
Sem refletir,
Sem querer explicar,
Sem me importar em compreender...
Simplesmente abandonada
No teu eu.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Dreamstime


3 comentários:

marcia disse...

Belos versos a um amor ausente.

Unknown disse...

Um poema um tanto triste de ler mas sabemos que a nossa volta muitas pessoas vivem este doce-amargo do amor...como todos..muito a meditar, muito a aprender..abraços Mardilê..boa noite..

Anônimo disse...

Maravilhoso...Adorei... Marcia Coelho