sexta-feira, 25 de abril de 2014

Uma noite... num café...





Sentado no fundo do café,
Pensamento longe,
Coração em pedaços aos meus pés,
Nem noto incoerentes sentimentos
Espalhados pelas mesas
E afogados em sinistros copos.
Entre o burburinho
Do entra e sai,
Do senta e levanta,
Das risadas e sussurros,
Vozes altas, dissimuladas, sobressaem.
Meus olhos percorrem o ambiente,
E transitam por um labirinto de olhares vagos.
No outro lado, num canto
Mais escuro que o meu,
Uma sombra balança seu infortúnio
Pra frente e pra trás.
De onde estou, imagino
Lágrimas que serpenteiam
Pelas faces em agonia,
E pingam nas mãos cruzadas,
Desamparadas, frias, sobre a mesa,
À procura de consolo e calor.
Esqueço que vim aqui, como muitos,
Para entorpecer minha tortura...
Curioso, hipnotizado,
Dirijo-me àquela mesa.
Sento-me vagarosamente
E toco aquelas mãos inquietas,
Que se aninham nas minhas,
Como se esperassem por esse gesto.

 

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google


3 comentários:

Jorge Sader Filho disse...

Quer algo melhor?
O poema combina muito com a imagem.
Meu abraço.

José de Castro disse...

Sem dúvida, um belo poema. Descreve um clima bucólico, triste, muito comum nos bares de hoje em dia. A solidão acompanhada... Um traço dos nossos dias... Abraços, amiga...

renate gigel disse...

UAUH!
Que desnudar de almas.
Lindo........
Re