sexta-feira, 15 de maio de 2015

Flores do campo


Moça no Jardim de Giverny - Monet

O orvalho ainda caía...
Impelida pela inquietude
Que me oprimia,
Saí sem destino.

A relva molhada
Umedecia-me os pés,
Esfriava-me o corpo,
Só não me esvaecia a dor.

Recolhida em mim,
Esbarrei na beleza.
O colorido das flores do campo
Ao sol nascente, lembrou-me Monet.

Singelas, trêmulas, as flores
Equilibravam gotículas brilhantes
E espargiam leve aroma
Que a brisa se encarregava
De levar em seu seio.

Embriagava-me de delicadeza,
Refrescava-me com a doçura.
Olhos cerrados, vislumbrei seu bailado,
Abandonei-me aos seus afagos,
Permiti que suas pétalas
Cobrissem meu corpo inerte.


Mardilê Friedrich Fabre


2 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Mardilê, querida.
As emoções um dia sentidas, ficam guardadas, algumas, imortalizadas até, talvez.
Um perfume, um cheiro de pele, um certo sorriso que captamos, um quadro pintado com algum motivo que nos cativou...
E fez-se a poesia. Não a poesia complexa em sua mensagem inteligível, mas a poesia que fala através do coração para um outro coração, aquele de quem a lê.
Foi assim, que eu aceitei o seu convite de visitar o seu novo poema. Foi assim, que deixei-me ser conduzida por ele. Foi assim, que permiti-me ser absorvida por suas cores, seu perfume e por sua suavidade e beleza.
Um grande abraço.
Irany

Jorge Sader Filho disse...

Esta é uma verdadeira alma impressionista, Mardilê!