sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Não esmoreço



Minha vida é uma estrada,
Ao longo da qual verti
A inquietude do desejo de acertar.
Palmilho cada trecho,
Entregando-me por inteiro.
Mesmo com passos vagarosos, trôpega,
Uma estranha força interior me conduz.
sentei à margem,
À sombra de uma árvore amiga...
Um caminhante percebeu-me e, gentil,
Convidou-me para prosseguir.
Quando as forças me abandonaram,
Levou-me em seus braços.
Nos trechos brumosos,
Nos quais se tornava difícil enxergar,
O encantamento exalava
A doçura das flores nascidas a esmo,
E eu deslizava com a facilidade de um querubim
Para adiante encontrar um obstáculo,
Ante o qual parava para pensar
Se seria prudente continuar
Ou finalmente desistir.
Entretanto, colhia o entusiasmo
De quem me esperava
Ou daqueles que me acompanhavam,
Então, de cabeça ereta, arremessava-me,
Às vezes, sem muita direção,
Impelida por obstinada
De que, no meu caminho,
Nãolugar para o desânimo.


Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google

4 comentários:

Rita Lavoyer disse...

"Não há lugar para o desânimo", mas já há muitas sombras para o merecido descanso. Renovada as forças de sua experiência, de novo ao caminho que lhe compete.

Jorge Sader Filho disse...

O desânimo, sem dúvida, é o fim de tudo. O sonho acaba...

Abraço,
Jorge

CCF disse...

Desanimar! Nem pensar, nunca devemos desistir de sonhar.
CCF

Anônimo disse...

Mardilê, querida, achei fascinante este seu poema livre. Pareceu-me um delicado jogo de esconde-esconde, onde a personagem, ora se confunde, ora se encoraja, ora se emociona, ora se diverte.

Isto tudo, dito de uma maneira solta, tal qual o poema livre permite, e com a maestria de quem muito teve que recomeçar, é que é lindo! Porém, o mérito maior desta maravilhosa espécie de biografia está em ter sido escrita com a sua alma poética.

Desculpe esta descarada declaração de amor, porém, é que eu achei este o seu mais lindo poema.

Bjinhos. Irany