sexta-feira, 17 de maio de 2013

Afinidade


Salão iluminado.

A música convida para dançar.

O rapaz, alegria estampada no rosto, convida a jovem silenciosa, tímida, serena e quieta que balança a perna discretamente. Quem sabe para esconder sua vontade de dançar.
Formam um lindo par.

Muitos olhos se voltam para os dois.

Ele, moreno, magro, alto, cabelo crespo, olhos negros.
Ela, também morena e magra, mas com o cabelo liso e olhos castanhos.
Ele fala com facilidade sobre muitos assuntos. Ela escuta e sorri. Que sorriso lindo!
Eles dão voltas e mais voltas pelo salão. Parecem deslizar. Os pés praticamente não tocam o piso.

É como se sempre tivessem dançado juntos. Eles se entendem. Eles se completam.
A música os conduz: samba, tango, valsa, bolero, frevo, rock.
E eles não se separam. Eles são o ritmo.
Não existe o mundo, a música.
Eles querem dançar, dançar, dançar....
E esquecer tudo o que não seja apenas isso.


 Mardilê Friedrich Fabre

Imagem: Google

5 comentários:

Anônimo disse...

Olá, Mardilê, parabéns pelo seu ato de “ousadia”: seu conto é rico em sua singeleza. É original pq cabe em uma história (seria de um amor?) que começou com uma simples afinidade.

Achei curioso vc definir os tipos físicos do rapaz e da moça - sabemos que os sinais por vc revelados bem poderiam ser outros, talvez até totalmente opostos. Mas gostei desse par. Consegui descobri-los em um dos salões de baile por mim frequentado, identificados, reconhecidos, só em enxergá-los. O olhar dele descobriu o dela e foi então, naquele exato instante, que uma delicada e bela afinidade entre eles nasceu. Mágico, isto, não?

Um abraço, querida. Irany

Jorge Sader Filho disse...

Quem disse que o texto é um conto, Mardilê? Uma bela poesia disfarçada, isto sim. É o que muitos chamam prosa poética. Elegante e sonora...
Meu abraço!
Jorge

renate gigel disse...

Pois, pois, menina ousada!
Vejo-a, de olhos fechados........
Deixando ,entrelaçados,
Pés e coração.
Prá quem ama a dança,
Nada, nada apaga,
Este desejo ardente
de rodar pelo salão!!!!!!!!
Eu entendo você , em prosa ou verso,
pois tenho um sentir co-irmão.
bjs
Re

Anônimo disse...

Que lindo, Mardi!
Béti

Anônimo disse...

Oi Mardilê, achei lindo o teu conto; um verdadeiro texto poético. Zulma