sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Uma vida melhor



O que leva Artur a continuar nesta árdua missão de ensinar? Há dias em que tem vontade de largar tudo e flanar na vida como os pássaros. Então dá de cara com a sua triste realidade: sua mãe para sustentar.

No início de sua carreira, ia para a escola com prazer, entretanto a rotina do dia a dia, o descaso dos alunos, as exigências de preencher fichas, cadastros, etc. mataram pouco a pouco a sua alegria de lecionar.

Estudara tanto! Ainda estuda. Agora resolve cursar mestrado. Para quê? Para continuar nesta mesmice? Anda desanimado. Nada contra os alunos, são adolescentes, o mundo extramuros escolares tem muito mais de interessante para oferecer... Por que eles se interessariam pelas leis de Newton, vetores, força e estática, etc.?
Sua mãe, conversando com ele, comentou: “Tu és que precisas mudar. Escola é isso que já sabes e experimentaste. Não gostas. Parte pra outra! Se é por causa do salário, vamos vivendo aos apertos, como tantas vezes, com a pensão que o teu pai deixou.”

Um colega seu, professor de química, fez concurso para a Petrobras, foi aprovado e deu adeus ao magistério. Por que ele não ouve a mãe, toma uma atitude e faz um concurso? É isso aí. Levanta-se resoluto, deixa as provas que corrige e vai até a tabacaria comprar o Jornal de Concursos para se inteirar de quais os que aconteceriam por agora. O único que encontra é para o Tribunal de Justiça dentro de seis meses. Espanta-se com o salário para quem possui curso superior. Ao lado da pilha de jornais, há apostilas à venda. Compra uma. Na volta para casa, passa pela Biblioteca Pública e tira livros indicados na Bibliografia do edital.

Em casa, ainda pensa muito se é isso mesmo que quer. Move-o o salário, claro, o fato de não levar trabalho para casa. Decide-se, inscreve-se no concurso pela internet. Agora não tem mais volta, é estudar, trabalhar, estudar, trabalhar. “Ah! Preciso trancar o mestrado este semestre. Depois, se for aprovado, e serei, tenho certeza, voltarei ao mestrado, e o mais importante, levarei uma vida muito melhor do que a de um professor de física.”

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google

4 comentários:

Jorge Sader Filho disse...

Segundo dizem, é o que está ocorrendo.
A diferença de salários é gritante

Anônimo disse...

Parabéns, MARDILÊ! O tema escolhido faz parte de nosso cotidiano, onde a busca de se fazer o que gosta muitas vezes esbarra na baixa remuneração, como é o caso da carreira de professor.
(Estudara tanto! Ainda estuda. Agora resolve cursar mestrado. Para quê? Para continuar nesta mesmice? Anda desanimado. Nada contra os alunos, são adolescentes, o mundo extramuros escolares tem muito mais de interessante para oferecer... Por que eles se interessariam pelas leis de Newton, vetores, força e estática etc.?).
Um forte abraço e votos de sucesso, do Carlos Lúcio.

Anônimo disse...

"Hei de vencer, mesmo sendo professor..."
Um beijão, Mardilê!
Claiton

Anônimo disse...

Muito bom, Mardilê!

Bruno Varandas