sexta-feira, 29 de maio de 2015

Curioso espetáculo


Vêm de muito distante
Acordes dos rumores
Que jaziam no silêncio de mim.
A noite carrega formas difusas
No dorso das sombras.
Fundem-se mistério e inexplicável
E atravessam montes agressivos,
Mares ébrios,
Vulcões impetuosos,
Rochas mordentes,
Prados inertes,
Florestas dissimuladas,
Cavernas famintas,
Cascatas insensíveis.
Perturbam o próprio vento
Que serpenteia no nevoeiro
Em movimentos contínuos,
Sem direção, em círculos.
Atingem o espaço vazio
Entre a terra sem força
E o céu revoltado.
A tudo isso assistem
A lua atônita,
Que se equilibra para não cair,
E as estrelas exânimes,
Cujo brilho foi diluído
Por movimentos de um universo
Vertiginosamente desordenado.

Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Google

Um comentário:

Jorge Sader Filho disse...

Mardilê me surpreende com suas figuras. Chamou atenção "A lua atônita,
Que se equilibra para não cair". É traço pessoal mesmo!
Abraço,
Jorge