sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Por amor a uma criança



Meu coração se mortifica ao vê-la,
Tendo por cobertor as estrelas,
Portando consigo tristes histórias.
No rosto sério, lágrimas inglórias.

Quer tão pouco de mim, afeição,
Que a recolherá deste mundo cão.
Por instantes, fitei-a com carinho,
Estendi-lhe os braços devagarzinho...

Encostou a cabecinha em meu peito
E quietinha ficou, meio sem jeito.
algum tempo guardava a esperança
Que a vida lhe doaria bonança.

O que nos reuniu foi a solidão.
Abandonadas, buscamos, então,
Minimizar nossa fome de amor,
Ao conseguir as fronteiras transpor.


Mardilê Friedrich Fabre
Imagem: Tecla SAP


2 comentários:

Unknown disse...


TRATANDO-SE DE CRIANÇAS, APERTA O CORAÇÃO. Chora a alma que tem o dom de ser pai fiel, derrete o coração de uma mãe que não tem mais o que lhe ofertar, senão, deixá-las ir sem previsão se irão voltar, em busca de outros mãos que possam doar, o que nem sempre encontram, pelo bem...estremece uma sociedade que autoridades, roubam, tiram dinheiro, trabalho e dignidade...
está dito!

Anônimo disse...

Espetacular. Sensível imagem poética, como vc, Mardile, sabe tão bem inventa-la.Iray Viaut