Enlacei-os forte ,
Acariciei-os lentamente ,
Cantei-lhes acalantos ,
Assolava-me um medo infantil
De que se assustassem e fugissem...
Embalei-os com as notas suaves das sonatas de Chopin,
Alimentei-os com imagens e cores .
Queria-os vibrantes, perfeitos
E vivem na eternidade das certezas .
Às vezes , perdia algum pelo caminho .
Voltava para pegá-lo
E colocava-o no meu colo ,
Sussurrando-lhe palavras meigas e delicadas,
E ele continuava comigo .
Aconchegado em meu peito .
De vez quando , olhava-me de viés ,
E eu , num tremendo esforço ,
Tentava lembrar-me
E o meu pensamento se voltava para os outros
Precisava assisti-los,
E se esquecessem de acontecer .
E espatifou-se nos ladrilhos do tempo ,
E a saudade , ligeira , dele apoderou-se
E levou-o com ela .
Foi um milésimo de minuto ...
E eu ? Ali , parada , aturdida ...
E seria impossível preenchê-la.
Mardilê Friedrich Fabre
3 comentários:
"Agora havia uma ausência
E seria impossível preenchê-la."
E a autora explica tudo...
Abraço,
Jorge
Que não tem sonhos não vive por inteiro.
Quando nos falta um, é um vazio imenso que resta.
Muito sensível!
Oi, mardilê querida, vc é lindamente humana qdo nos fala dos seus sonhos. Até entendo que não se queira perder nenhum, principalmente sem, antes, termos nos despedido de algum. Mas, não será egoísmo de nossa parte agarrar-se a um sonho que sentimos estar se despedindo de nós? A despedida pode significar que a sua missão de alguma forma já se cumpriu. Acalentamos sonhos como o fazemos com os nossos filhos e, tb deles, a vida nos separa.
Tal qual acontece qdo dormimos, os sonhos se renovam.
Tal qual acontece qdo dormimos, acordamos e nos damos conta que fomos seus guardiões pelo tempo necessário para que eles vivessem ao nosso lado.
Há uma delicada beleza em seus versos.
Há uma delicada beleza em você.
Bjinhos. Irany
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